No inĂcio do mĂȘs, o Grupo de Atuação Especial de Combate Ă s OrganizaçÔes Criminosas e InvestigaçÔes Criminais (Geaco), no MinistĂ©rio PĂșblico da Bahia (MP-BA), ofereceu a denĂșncia do que ficou conhecido como 'Golpe do Pix'. O suposto esquema criminoso teria envolvimento dos ex-jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira, da Record, e teria movimentado cerca de meio milhĂŁo de reais.
Segundo o MP-BA, em representação Ă 9ÂȘ Vara Criminal da Comarca de Salvador, assinada pelo magistrado Eduardo Afonso Maia Caricchio, no Ășltimo dia 12, alĂ©m deles, outras dez pessoas teriam participação na suposta prĂĄtica de infraçÔes penais para obter vantagem em torno doaçÔes arrecadadas durante um programa de TV, que teriam como objetivo ajudar pessoas com vunerabilidade social.
Com base nos documentos da denĂșncia, e que tiveram o conteĂșdo divulgado pelo g1, os denunciados sĂŁo:
Marcelo Valter Amorim Matos Lyrio Castro, 36 anos
Jamerson Birindiba Oliveira, 29 anos
Lucas Costa Santos, 26 anos
Jakson da Silva de Jesus, 21 anos
Daniele Cristina da Silva Monteiro, 27 anos
DĂ©bora Cristina da Silva, 27 anos,
Rute Cruz da Costa, 51 anos
Carlos Eduardo do Sacramento Marques Santiago de Jesus, 29 anos
Gerson Santos Santana Junior, 34 anos
Eneida Sena Couto, 58 anos
Thais Pacheco da Costa, 27 anos
Alessandra Silva Oliveira de Jesus, 21 anos
Quais crimes praticados?
No parecer do órgão, foram praticados "crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro e associação criminosa", sendo assim formada uma organização criminosa, com "disposição mais hierårquica e organizada, enquanto a associação tem uma estrutura mais simples".
Diante da anĂĄlise, o juiz titular da 9ÂȘ Vara Criminal da Comarca de Salvador determinou que a Vara dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa da capital baiana siga com os procedimentos, atravĂ©s de uma unidade especializada.
Como atuavam? Marcelo Castro e Jamerson Oliveira eram os lĂderes
Conforme conclusĂŁo do MP-BA, o esquema era liderado pelos jornalistas Marcelo Castro e Jamerson Oliveira, que teriam tido participaçÔes "efetivas e estĂĄveis" em todos os 12 casos investigados. Marcelo era quem fazia as entrevistas, narrava os dramas das vĂtimas e fazia o pedido de doaçÔes na TV, com conhecimento, segundo o ĂłrgĂŁo, de que a chave pix exibida nĂŁo era de quem iria ser beneficiado.
JĂĄ Jamerson, que era editor-chefe do programa e tinha responsabilidade pela transmissĂŁo, era quem exibia a conta bancĂĄria que as doaçÔes seriam realizadas, tambĂ©m com a ciĂȘncia de que pertencia a um dos integrantes do grupo. No final, destinavam uma "quantia Ănfima" para as vĂtimas e dividiam entre si valores proporcionais Ă atuação de cada um.
O Gaeco destaca que todas as vĂtimas recebiam de Marcelo a informação de que a chave pix exibida era de alguĂ©m ligado ao programa ou de titularidade da prĂłpria emissora. Sendo assim, se contentavam com a quantia repassada sem desconfiar do esquema realizado pelo grupo.
AlĂ©m deles, a denĂșncia aponta atuação sĂłlida de Lucas, agindo como "operador" em todo esquema ao identificar casos para serem exibidos na TV. Ele ainda seria o responsĂĄvel por "recrutar" os outros envolvidos e obter as chaves pix para receber as doaçÔes.
As outras nove pessoas, inclusive, tinham uma espécie de relação familiar com o "operador", com exceção dos jornalistas. Lucas é ilho de Rute, companheiro de Thais, primo de Alessandra, Débora, Daniele e Gerson. Jå Gerson é filho de Eneida e companheiro de Débora. Eles alternavam nas funçÔes para evitarem de chamar atenção pela grande movimentação financeira nas contas.
Em cinco meses de esquema, quanto foi desviado?
Ainda conforme o ĂłrgĂŁo, o esquema passou a ser realizado desde o dia 8 de setembro de 2022 atĂ© o dia 28 de fevereiro de 2023, quando foi descoberto por causa de uma doação de grande valor feita pelo jogador Anderson Talisca, para ajudar uma criança com grave problema de saĂșde.
Um assessor do atleta identificou divergĂȘncia entre a chaves pix exibida e a utilizada para doação. "Ele descobriu que aquela chave PIX era de uma pessoa que desenvolvia a atividade de rifeiro. Como ele queria fazer essa doação, desconfiou e conseguiu o telefone da mĂŁe da criança com cĂąncer. Foi feito um acerto de que doação seria feita diretamente para ela, nĂŁo para aquela chave'', contou, hĂĄ alguns meses, o delegado Charles LeĂŁo, responsĂĄvel pelas investigaçÔes.
Neste perĂodo, os envolvidos arrecadaram mais de R$ 540 mil em doaçÔes, e apenas cerca de R$ 136 mil foram destinados Ă s vĂtimas. Em um dos casos, dos mais de R$ 64 mil arrecadados, apenas pouco mais de R$ 6 mil foi repassado, tendo o restante repartido entre os integrantes do esquema.
Fonte: BocĂŁoNews