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Dia contra a LGBTfobia: comunidade aponta 8 frases preconceituosas que devem ser eliminadas do cotidiano

sexta-feira

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O Dia Internacional da Luta Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia, comemorado nesta sexta-feira, 17 de maio, é uma data que destaca a importância de reforçar leis e direitos voltados à proteção e promoção da igualdade para pessoas LGBTQIAPN+.

No Brasil, avanços significativos foram feitos com a criminalização da homofobia e transfobia pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019, que equipara tais atos ao crime de racismo. Além disso, a aprovação do casamento igualitário em 2013 é um marco fundamental na luta pelos direitos dessa comunidade.

Outro progresso importante é a possibilidade de retificação de nome e gênero em documentos sem a necessidade de cirurgia, o que garante maior dignidade e respeito às identidades de pessoas trans e não-binárias.

O GLOBO ouviu pessoas LGBTQIAPN+ e destacou seus relatos, que mostram a realidade cotidiana da discriminação que ainda enfrentam mesmo com seus direitos garantidos por lei; veja:

"Quem é a mulher da relação?"

Essa pergunta parte da ideia binária e hegemônica de relação amorosa (homem x mulher), a qual atribui papéis de gênero aos sujeitos que compõem essa relação. Por exemplo, quando existe um parceiro que é afeminado, atribuem-se papéis e tarefas que geralmente são designados a mulheres na sociedade. Isso é puro machismo e se mostra numa nova situação social, homofobia, já que a relação são entre dois homens ou de duas mulheres.

Victor de Lima Rosa, 22 anos, estudante de Psicologia.

"Festas eróticas gays são antros de doenças sexuais, nem deveriam ser chamadas de ‘festas’, mas de ‘surubas’, é muita pouca-vergonha”

A fala é homofóbica e desumanizante, estigmatizando a sexualidade gay como “doentia” ou “perversa” e sugerindo que gays devem sentir vergonha de se expressar livremente. Chamar essas festas de “surubas” de forma pejorativa implica que a sexualidade e a identidade gay não merecem ser celebradas ou respeitadas, e defende que as expressões de afeto e sexualidade gays são menos dignas de respeito. Sugerir que gays devem sentir vergonha de suas festas sexuais desumaniza ao impor culpa e inadequação sobre seu desejo.

Vinicius Sarraff, 23 anos, professor de Língua Portuguesa.

"Mas você nem parece gostar de meninos, você tem tanta cara de homem"

Escutei essa expressão de uma gestora uma vez. Fiquei perplexo! Escutar isso de uma líder é chocante, além de não ter sido a primeira vez que tinha escutado coisas do tipo.

Douglas Galhardo, 29 anos, bacharel em química.

"A gente até te aceita, mas você não precisa se expor na internet"

Ouvi essa frase de uma tia distante, que me ligou durante o trabalho apenas para reclamar que eu postava coisas com meu namorado da época. Fiquei muito abalado, porque achava que esse tipo de fala estava longe da minha realidade. O problema dessas frases, que ouvimos ao longo da vida de pessoas próximas, principalmente quando ainda estamos descobrindo nossa sexualidade, é que nos fazem nos esconder e nos tornam reféns de uma crença que quer nos destruir.

Léo Abranches, 29 anos, cantor e publicitário.

“Tudo bem ser gay, mas não entendo esses caras que querem virar mulher”

Eu ouvi isso numa roda de conversa, um rapaz hétero criticava um homem gay somente pelo fato de ele ter um jeito mais afeminado. Aquilo me causou um desconforto muito grande, porque eu também sou um pouco afeminado, e sabemos que não é uma questão de escolha, é quem nós somos e tá tudo bem! Não queremos “virar mulher”, queremos ter a liberdade de sermos nós mesmos.

Bruno Venâncio, 21 anos, estudante de Jornalismo.

A mesma pessoa que dizia: "Prefiro filho bandido a filho viado", também dizia "bandido bom é bandido morto"

Quando ouvia essas palavras, temia ser expulso de casa e rejeitado pela minha família, então escondia quem eu era, meus hobbies e interesses, para não chamar atenção. Evitava me relacionar com outros homens, mas o desejo era mais forte, e comecei a mentir sobre onde e com quem saía para poder namorar, vivendo com medo constante de ser descoberto. Depois de alguns anos, a verdade veio à tona e, apesar de muito choro, minha família me acolheu sem brigas.

Felipe Martins, 31 anos, geólogo.

“Se arruma igual menina”

Já escutei isso de familiares e pessoas que esperam de mim um alinhamento e cumprimento do que é ser mulher, de acordo com a sociedade. Eu sou não binário, não estou aqui para suprir expectativas de gênero, só quero ser eu do jeito que sou.

Lazuli Reis, 21 anos, jornalista.

“Vocês não precisam de direitos LGBT, pois somos todos iguais"

Já ouvi isso de muitas pessoas e fiquei muito chateado, porque só nós sabemos o quanto sofremos com essas falas que invalidam nossa luta diária para sermos quem somos.

Hugo Sanches, 22 anos, garçom.


Fonte: globo - Estagiário sob supervisão de Daniel Biasetto

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