No primeiro dia de horário eleitoral no rádio e na TV, nesta sexta-feira (26), candidatos a governador, senador e deputado oscilaram entre dar protagonismo ou esconder seus padrinhos políticos e aliados.
Assim, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), os principais concorrentes à Presidência, tiveram participações díspares a depender do estado em que a propaganda foi veiculada.
Em São Paulo, por exemplo, dois postulantes ao Palácio dos Bandeirantes, Fernando Haddad (PT) e Tarcíscio de Freitas (Republicanos), exploraram com intensidade os apoios do ex-presidente e do atual chefe do Planalto, algo que não ocorreu no Rio de Janeiro ou aconteceu de forma discreta no Paraná.
SÃO PAULO
A estreia do horário eleitoral mostrou diferenças na tática dos candidatos ao governo. Enquanto Tarcísio e Haddad exploraram seus padrinhos, Rodrigo Garcia (PSDB) escondeu seu parceiro em 2018, João Doria.
A campanha de Rodrigo avalia ser necessário se descolar do ex-companheiro de chapa, já que Doria deixou o governo com baixa popularidade e sem conseguir emplacar sua candidatura à Presidência.
O petista, por sua vez, aproveitou seu tempo para lembrar a ligação com o ex-presidente Lula e com o novo aliado Geraldo Alckmin (PSB), que governou São Paulo quando estava no PSDB e é vice na chapa à Presidência. Os dois deram depoimentos no programa de estreia do ex-prefeito de São Paulo.
Linha semelhante utilizou Tarcísio. O atual presidente gravou um depoimento no qual afirma que o aliado foi um dos melhores ministros da Infraestrutura. “Tô fechado com o Tarcísio”, completou.
RIO DE JANEIRO
No Rio, nenhum presidenciável apareceu nos programas eleitorais para candidatos ao governo.
O governador Cláudio Castro (PL), que tem o apoio do presidente Bolsonaro, apostou na apresentação de projetos de sua gestão. Com o mote “Quem é esse cara?”, ele também não mencionou ter feito parte da gestão de Wilson Witzel, de quem foi vice até assumir o Palácio Guanabara, em agosto de 2020.
Já o programa de Marcelo Freixo (PSB) focou a proposta de uso da receita proveniente do petróleo. A imagem de Lula foi explorada apenas nas inserções do candidato ao longo da programação de TV.
Ex-presidente e presidente apareceram principalmente no programa de candidatos ao Senado. O petista foi a estrela do vídeo exibido pelo presidente da Assembleia, André Ceciliano (PT). O chefe do Executivo, por sua vez, apareceu no bloco de Clarissa Garotinho (União Brasil), numa foto ao lado da candidata.
O senador Romário (PL) nem sequer mencionou ou exibiu o nome do presidente, e Alessandro Molon (PSB) colocou apenas um banner no canto direito superior da tela informando seu apoio ao petista.
MINAS GERAIS
O governador Romeu Zema (Novo), líder da corrida eleitoral no estado, não fez menção a candidatos à Presidência, nem mesmo ao nome do seu próprio partido, Felipe D’Ávila. Já Alexandre Kalil (PSD), rival na briga pelo Palácio Tiradentes, fez questão de mostrar Lula na estreia do horário eleitoral. “Tô junto com o presidente Lula”, disse ele no rádio. Na TV, o petista pediu votos para o ex-prefeito de Belo Horizonte.
O senador Carlos Viana (PL), candidato escolhido por Bolsonaro depois que as investidas para ter Zema ao seu lado no estado foram frustradas, também não citou o nome do presidente.
PARANÁ
No Paraná, o único candidato a aparecer com um presidenciável foi Paulo Martins (PL), que abriu o programa ao lado de Bolsonaro. Na disputa pelo Senado, reforçou o discurso de família, deus e liberdade.
Da mesma coligação, o também candidato ao Senado Sergio Moro (União Brasil) apareceu sozinho em sua inserção, assim como Álvaro Dias (Rede), nome que encabeça essa disputa no estado.
Nenhum dos candidatos ao Senado pela chapa do governador Ratinho Jr., que tenta a reeleição, fez menção a ele. A mesma situação ocorreu com seu concorrente, Roberto Requião (PT). Se Ratinho não citou Bolsonaro, Requião mencionou Lula, dizendo que se candidatou para ajudar a elegê-lo presidente.
RIO GRANDE DO SUL
No Rio Grande do Sul, a presença dos presidenciáveis foi discreta. Bolsonaro foi citado e apareceu no vídeo do jingle de Onyx Lorenzoni (PL), mas não foi mencionado na campanha de Luis Carlos Heinze (PP), um aliado fiel. Entre os candidatos ao Senado, a única a citar o “apoio de Bolsonaro” foi a Comandante Nádia (PP). A imagem do presidente tampouco apareceu junto à dos candidatos a deputado.
Lula foi citado apenas por Olívio Dutra, nome do PT ao Senado. O ex-presidente apareceria no programa de Edegar Pretto (PT), que concorre ao governo do estado, mas o programa eleitoral do candidato não foi exibido, bem como os dos postulantes a deputado. O PT gaúcho diz ter entregado o programa à RBS TV, a emissora geradora, com 24 horas de antecedência. Procurada, a RBS ainda não respondeu.
SANTA CATARINA
Em Santa Catarina, a imagem de Bolsonaro foi exibida com candidatos a deputado do PL e do PP, mas não acompanhou postulantes do Republicanos, que só explorou a participação do governador Carlos Moisés.
O presidente deu dois depoimentos: primeiro, para Jorge Seif (PL), pedindo votos ao candidato ao Senado.
Depois, Bolsonaro, que não aparece nos programas de Moisés e de Esperidião Amin (PP), falou no programa de Jorginho Mello (PL). Já Lula participou com depoimento ao candidato a governador Décio Lima (PT). A imagem dele também foi exibida por candidatos a deputado de PT, PSB e Solidariedade.
MATO GROSSO DO SUL
Em Mato Grosso do Sul, o nome do PT para a disputa ao governo estadual, Giselle Marques, citou ser a candidata de Lula no estado. O nome do ex-presidente também aparecia na tela durante todo o programa.
Por outro lado, Eduardo Riedel (PSDB), candidato da coligação do partido de Bolsonaro no estado, não utilizou a imagem nem citou o presidente. O tucano preferiu falar sobre o aniversário de Campo Grande.
GOIÁS
Em Goiás, Wolmir Amado (PT) se definiu como “o governador do presidente Lula” no programa que terminou com um vídeo do ex-presidente pedindo votos. O Major Vitor Hugo (PL) recorreu à mesma tática, usando imagens em que aparece caminhando ao lado do chefe do Planalto.
BAHIA
Na Bahia, Lula foi o protagonista do horário eleitoral do candidato a governador Jerônimo Rodrigues (PT) —o nome do ex-presidente foi citado 18 vezes ao longo dos pouco mais de três minutos de programa.
A vinculação com o ex-presidente teve como ponto alto um jingle em ritmo de piseiro cujo refrão repete cinco vezes que “Lula é Jerônimo e Jerônimo é Lula”.
O candidato a governador João Roma (PL) seguiu a mesma estratégia de atrelar as eleições estadual e nacional e se apresentou como “pai do Auxílio Brasil” e “único candidato apoiado por Bolsonaro na Bahia”.
O programa trouxe slogans como “quem vota 22 para Bolsonaro vota 22 para João Roma” e mostrou o presidente elogiando o ex-ministro da Cidadania: “Ele já é um herói por enfrentar a velha política na Bahia”.
PERNAMBUCO
Em Pernambuco, o candidato ao governo Danilo Cabral (PSB) fez referências ao PT até na parte gráfica do programa, com uma estrela vermelha que se transforma no símbolo D40. Neste primeiro dia de horário eleitoral, trouxe depoimento de Lula, que fez referências ao ex-governador Eduardo Campos (1964-2014).
A candidata Marília Arraes (Solidariedade), que também disputa o eleitorado petista, veiculou um clipe com um jingle cuja letra não faz referência direta a Lula. Em uma das cenas do vídeo, contudo, um eleitor cola em uma parede um adesivo com a mensagem “o povo de Lula está com Marília”.
Candidato bolsonarista, Anderson Ferreira (PL) também veiculou depoimento de Bolsonaro pedindo votos para ele e destacou sua trajetória como deputado e prefeito, além de sua relação com o presidente.
CEARÁ
No Ceará, o candidato Capitão Wagner (União Brasil), que tem o PL, partido de Bolsonaro, em sua aliança, não citou o mandatário e adotou o discurso de que vai dialogar “com qualquer presidente que seja eleito”.
Rival de Wagner, o candidato do PT, Elmano Wagner, colocou Lula como protagonista. O ex-presidente abre a propaganda, elogiando o colega de partido. “Vamos cuidar do povo com muito carinho”, afirma Lula.