O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou a apoiadores que não pretende discursar no dia 7 de setembro, no ato do Rio de Janeiro que celebrará o Dia da Independência.
Como a coluna antecipou, o mandatário pretende esvaziar a manifestação de qualquer conotação de confronto com o Judiciário, como ocorreu no ano passado –em que, de um carro de som na avenida Paulista, em SP, ele chegou a dizer que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes era um canalha.
A ordem, agora, é fazer um armistício com os magistrados da corte e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), hoje sob a presidência de Moraes.
Por isso, Bolsonaro avisou que não pretende falar –assim, evitaria qualquer deslize no calor da hora, e também que alguma de suas manifestações fosse interpretada como golpista.
Alguns de seus mais próximos apoiadores, no entanto, duvidam que, diante de uma multidão na orla do Rio, ele resista a usar o microfone. Mas apostam que o presidente evitará ataques diretos, caso um entendimento com o TSE prevaleça até o dia 7.
Na quarta (17), em mais um sinal de distensionamento, o prefeito do Rio de Janeiro anunciou que o Comando Militar do Leste suspendeu os desfiles que estavam previstos para o Dia da Independência.
Em vez disso, está organizando um ato do Exército em um trecho da avenida Atlântica, próximo ao Forte de Copacabana. É nesse evento que Bolsonaro deve comparecer.
O armistício interessa ao presidente: ele já foi avisado por estrategistas de sua campanha que uma parte do eleitorado quer eleger um presidente que resolva seus problemas, e não que fique brigando o tempo todo.
Nesse contexto, Bolsonaro estabeleceu um diálogo amistoso com Alexandre de Moraes nas últimas semanas.
O magistrado levou a ele pessoalmente um convite para ir à sua posse como presidente do TSE, na terça (16).
Apesar do discurso veemente que Moraes fez em defesa das urnas eletrônicas e contra discurso de ódio e fake news, interlocutores do presidente dizem que ele sabia do tom que o magistrado adotaria, e não se surpreendeu. Teria sido, inclusive, avisado com antecedência do conteúdo da fala.
Segundo o ministro das Comunicações, Fábio Faria, o presidente do TSE antecipou o que iria dizer na posse, dizendo que não se tratava de um ataque direto ao presidente, mas sim da reafirmação dos princípios democráticos do tribunal.