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Terreiro de candomblé é alvo de intolerância religiosa na cidade de Eunápolis

segunda-feira

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O terreiro de candomblé Logun Edé, localizado no bairro Juca Rosa, zona Norte de Eunápolis, foi alvo de atos de intolerância religiosa. Por volta 15h de domingo (13), um grupo de fiéis evangélicos, com apoio de um carro de som, parou em frente ao centro religioso fazendo pregações. Na manhã desta segunda-feira (14), uma carta escrita à mão, contendo versículos bíblicos, foi deixada em frente ao terreiro.

O centro, que funciona há 43 anos no mesmo local e tem como responsável a mãe de santo Luziene Almeida Silva, recebia alguns filhos de santo e convidados, no domingo, quando um grupo de aproximadamente 30 fiéis da Igreja Assembleia de Deus, localizada no mesmo bairro, parou na esquina e começou a pregar com o carro de som.


De acordo com Luzanira Silva Santana, filha de Luziene, é comum que uma vez por mês os fiéis saiam pelas ruas do bairro pregando o evangelho. No entanto, segundo ela, desta vez a intolerância religiosa foi evidente, pois um grupo ficou na esquina e outro foi para a porta do terreiro.


“Temos um assentamento em frente (local de culto ao orixá) e dois (fiéis) quiseram pisar”, relatou a filha da ialorixá. Para impedir que o local sagrado fosse violado, a mãe de santo empurrou os agressores e teve início uma confusão.


Os frequentadores do centro dizem ter sido agredidos pelo pastor e pelos fiéis. O marido de Luzanira ficou ferido no peito, a sobrinha dela foi derrubada e a ialorixá Luziene, que tem 68 anos, teve o braço machucado.


Apesar de acionada, a polícia militar não enviou viatura para o local. A mãe de santo foi até a delegacia e registrou boletim de ocorrência. Ela pretende retornar, na tarde desta segunda-feira, acompanhada de advogado, para dar prosseguimento à denúncia de intolerância religiosa.


MEDIDAS LEGAIS – De acordo com Luzanira, já estão sendo tomadas todas as providências legais com relação ao caso. “Não vamos deixar isso passar. A palavra de Deus deve ser pregada com amor, não dessa forma como estão fazendo. Isso é discriminação”, disse ela.


“Nós temos sofrido perseguição de evangélicos de outras igrejas há muito tempo e nunca falamos nada, aguentamos quietos, mas agora está demais”, acrescentou.


EPISÓDIO EM VITÓRIA DA CONQUISTA – O episódio de intolerância ocorrido no domingo contra o terreiro localizado no Juca Rosa, em Eunápolis, é semelhante ao registrado na cidade de Vitória da Conquista, no dia 24 de janeiro, quando um homem estacionou um carro de som na porta de um terreiro em alto volume e começou a pregar, gritando que “Jesus salva, liberta e transforma”.


O homem foi levado à delegacia, onde foi registrado um boletim de ocorrência por intolerância religiosa. Os candomblecistas também o denunciaram à Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo do Ministério Público baiano.




Fonte: Radar64

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